02/11/2010

Cegueira talvez...

Ao fim de 16 anos, pensei que conhecia quem esteve ao meu lado e afinal... chego à conclusão que andei iludida, enganada, louca, cega... sei lá!
Após 10 anos de casamento, de servir de mulher, mãe, dona-de-casa, amante e o que mais fosse preciso, vejo-me a braços com um caso que nunca pensei ter.
Nem pelos filhos tem respeito!
O amor foi-se há muito, há longo tempo que não era senão falta de coragem para te largar e viver a minha vida. Infelizmente esperei tempo demais...
Esperei que o primeiro filho te modificasse, te fizesse ver a vida com outros olhos... Esperei que a mudança de casa, para uma melhor te fizesse tomar gosto pelo pouco que tinhamos... Esperei que o segundo filho viesse trazer um pouco de consciência a ti que nunca a tiveste... E no final conclui que nada mais havia a esperar!
Eu sei que por ti ainda estarias comigo, que a vida te corria bem... entravas à hora que querias, sentavas-te à mesa, jantavas e ias para o sofá... Eu fazia o meu papel, fazia a comida a horas, tratava dos filhotes, limpava... deixava-me para trás em prol de uma pseudo vida que não levava a lado nenhum...
Claro que o problema principal era, foi e é o dinheiro... o que não chegava para tudo, o que tu insistias em gastar no café todos os dias, o que eu queria e não tinha!
Mas o mal não era a falta de dinheiro... era a falta de vontade para resolver os problemas!
Eu poupava o pouco que havia, tu continuavas a ir ter com os amigos. Eu fazia contas para ver se chegava para comer, tu não entendias como se gastava tudo sem sobrar nada!
Fartei-me! Fartei-me de estar em casa todos os fins-de-semana porque tu não tinhas vontade de sair, saindo assim que o telefone tocava e do outro lado algum amigo te pedia para ires ter com ele... Fartei-me de fazer compras sózinha porque tu não gostavas de ir, de levar os meus filhos ao médico porque tu não podias faltar ao emprego, de sair a correr do trabalho para tratar de tudo em casa a horas e tu chegares ás nove da noite porque estavas no café com os amigos...
Será que não entendes que este ponto chegou porque assim quiseste? Porque nunca tiveste um gesto para tentar resolver, uma conversa para tentarmos chegar a um acordo?
E agora? E agora acusas-me de te tirar tudo, quando tudo o que tinhas não era teu... quando o que conseguiste ter foi à custa do meu sacrificio, da ajuda que havia dos meus pais, daquilo que eu deixei de ter por ti?
Tenho pena, mesmo muita pena que nessa tua cabeça oca onde em primeiro lugar vem quem te pontapeia todos os dias, não haja espaço para entenderes que eu já gostei de ti... que já me preocupei, que fiz o que me era possivel para continuarmos...
Lamento que entendas a minha opção como uma tentativa de arruinar a tua vida... quando a minha ficou arruinada a partir do momento em que te conheci.
Apenas quero que me deixes viver a minha vida... que não me batas à porta, que entendas que acabou e que não há regresso possivel.
Perdoei-te tudo durante 16 anos... agora não perdoo mais e pior que isso, não esqueço!